“Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mateus 16:15)
Não há pergunta mais importante a ser respondida do que esta: “Quem dizeis que é Jesus?” Essa pergunta foi feita por Jesus aos seus discípulos durante o seu ministério público, depois que eles já tinham viajado por toda Israel pregando e realizando muitos milagres:
“E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. (Mateus 16:13-18)
Na verdade, foram duas perguntas. Uma era sobre o que o povo estava dizendo sobre ele: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” (v. 13). Outra era sobre quem seus discípulos diziam que ele era: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (v. 15).
A experiência do encontro com Jesus não permitia uma posição de indiferença ou neutralidade. Por onde ele passava, seguiam-no as multidões. Os seus discursos, como uma “espada de dois gumes” (Hb 4:12), falavam à mente e penetravam até a profundeza da alma e do coração, provocando a admiração de muitos (Mt 7:28), o ódio de alguns (Mt 21:45-46) e a perplexidade de todos. Seus milagres eram tão grandiosos que nem os seus maiores inimigos ousavam duvidar que ele era realmente capaz de operá-los (cf. João 11:46-47; Lucas 14:1-6). A presença de Jesus era simplesmente gloriosa demais para ser ignorada. Todos precisavam saber: “Que homem é este?” (Mt 8:27)
As opiniões do povo eram diversas: “E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas” (v. 14). Ao mesmo tempo, todas estas respostas têm um ponto em comum. Todas partem da premissa de que Jesus era realmente enviado por Deus e que ele era, de alguma forma, sobrenatural. Ao sugerir que Jesus poderia ser Elias ou Jeremias (Mt 16:14), eles estavam referindo-se a profetas de Deus que viveram muitos séculos antes, no tempo do Antigo Testamento. E embora João Batista fosse contemporâneo de Jesus, ele já tinha morrido (Mt 14:6-11). Por que, então, o povo dizia que Jesus poderia ser um deles? O evangelho de Lucas esclarece: “E aconteceu que, estando ele só, orando, estavam com ele os discípulos; e perguntou-lhes, dizendo: Quem diz a multidão que eu sou? E, respondendo eles, disseram… que um dos antigos profetas ressuscitou” (Lc 9:18-19). Claramente, eles reconheciam Jesus como alguém sobrenatural, enviado por Deus.
Ainda assim, Jesus declarou que o povo estava errado e que somente a resposta de Simão estava certa: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16:16-17). Aqui Jesus diferenciou entre as opiniões baseadas na carne e no sangue e a resposta baseada na revelação do Pai celestial. Essa expressão, carne e sangue, é usada na Bíblia para se referir ao ser humano, à natureza humana . O que Jesus está dizendo, então, é que Simão não chegou a essa conclusão, de que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, com base em especulações humanas. Ele estava certo porque ele deixou de lado as especulações humanas e baseou-se na revelação de Deus. Por outro lado, o povo estava errado porque eles suas respostas não estavam em concordância com a revelação de Deus.
Em seguida, Jesus mostra que estas duas maneiras de reconhecê-lo, segundo a carne e o sangue ou segundo a revelação de Deus, é o que diferencia o verdadeiro Cristianismo e a verdadeira Igreja de todas as seitas e falsas religiões, pois “sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16:18). A maioria dos brasileiros dizem crer em Jesus, mas em que Jesus acreditam? Alguns dizem que Jesus foi um espírito iluminado. Outros, que ele foi um homem à frente do seu tempo. Outros, que ele foi só mais um revolucionário. Mas do que adiantam todas essas especulações se só serão bem-aventuras aqueles que, como Simão, rejeitam as ideias sobre Jesus que não têm origem na revelação do Pai celestial?