Introdução ao Calendário do Velho Testamento

“E falou o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família”. (Êxodo 12:1-3)

ORDEM NATURAL

O livro de Gênesis ensina que Deus criou o sol, a lua e as estrelas para que fôssemos capazes de contar o tempo (Gênesis 1:14-18). Antes de Deus criar o sol, a lua e as estrelas, o tempo já existia (Gênesis 1:5,8,13), mas não seria possível o homem medi-lo com precisão. Todos os meios que os homens utilizam para marcar o tempo são baseados no movimento e na posição dos astros. A duração de um dia e de um ano é baseada no movimento da terra em relação ao sol e a duração de um mês é baseada nos movimentos da lua. A lua tem quatro fases, cada fase dura mais ou menos uma semana. Além disso, nós dividimos o ano em estações, o que também é baseado no movimento da terra em relação ao sol.

FATORES CULTURAIS E LINGUÍSTICOS

Embora todos os povos utilizem a posição e o movimento dos mesmos astros para marcar o tempo, os povos não chamam os dias, as semanas, os meses, as estações e os anos pelos mesmos nomes. Os povos têm diferenças linguísticas (Gênesis 11:6-7) e diferenças culturais e históricas (Gênesis 10) que os levam a utilizar diferentes termos para se referir aos mesmos períodos de tempo. No Brasil, por exemplo, nós chamamos o sétimo mês do ano de julho por causa do imperador romano Júlio César. Por quê? Por causa da influência cultural do Império Romano sobre todos os povos ocidentais. Outro exemplo é que nós chamamos o primeiro dia de domingo, que tem origem no latim e significa “o dia do Senhor”. Isso reflete a influência cultural do Cristianismo. Outros povos têm outras maneiras de se referir ao mesmo período de tempo que chamamos de julho e de domingo.

PARA O CALENDÁRIO DE ISRAEL, A LIBERTAÇÃO DA ESCRAVIDÃO DO EGITO ERA O PONTO DE REFERÊNCIA INICIAL

O calendário do povo de Israel no Velho Testamento não era o mesmo que o nosso. Em nosso calendário, o primeiro mês é janeiro. Mas quando o Velho Testamento fala sobre o “primeiro mês” (Êxodo 12:18; 40:2,17; 2 Crônicas 35:1), não está falando do mês de janeiro. O primeiro mês do calendário de Israel no Velho Testamento era o mês de Abibe (Êxodo 13:4; 25:15; 34:18; Deuteronômio 16:1), que cai entre março e abril do nosso calendário.

Como todos os povos do mundo, o povo de Israel tinha que marcar o tempo com base no movimento e na posição dos astros, mas os termos utilizados para se referir a cada período de tempo eram baseados na libertação da escravidão do Egito. Em Êxodo 12, quando faltava apenas duas semanas para Deus libertá-los, ele mandou que Moisés e Arão começassem a marcar o início de um novo calendário. Aquele mês, o mês da libertação do Egito, seria considerado o primeiro mês do ano e aquele dia, o dia em Moisés e Arão receberam a ordem, seria o primeiro dia do ano. Ou seja, Deus queria que a contagem do calendário de Israel tivesse a libertação do Egito como ponto de referência (Êxodo 12:1-3; 34:18; Deuteronômio 16:1). Quando lemos, por exemplo, sobre o segundo (Números 1:1) ou sobre o terceiro (Êxodo 19:1) mês, eles são chamados de segundo e de terceiro em relação ao mês da libertação do povo da escravidão do Egito. Esse era o ponto de referência inicial para o resto da contagem. Da mesma forma, quando lemos que a celebração da Páscoa deveria acontecer anualmente no dia 14 do primeiro mês (Êxodo 12:6), o ponto de referência para que aquele dia específico fosse tratado como o décimo-quarto dia era a contagem que havia começado quando Moisés e Arão receberam a ordem de Deus para marcar o início de um novo calendário (Êxodo 12:1-2). Ou seja, a partir do dia determinado por Deus quando “falou o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o princípio dos meses”, os israelitas deveriam contar 14 dias para determinar a data da Páscoa, pois ela deveria ser celebrada anualmente no “décimo quarto dia deste mês” (Êxodo 12:6). Com base no mesmo ponto de referência inicial, os israelitas saberiam quando celebrar todas as outras festas e também quando quando celebrar o sábado semanal (Levítico 23). Por exemplo, a Festa dos Tabernáculos deveria ser celebrada “aos quinze dias deste mês sétimo” (Levítico 23:34). O mês sétimo é o mês de julho? Não, pois não é o sétimo mês do nosso calendário, mas é o sétimo em relação ao mês da libertação da escravidão do Egito. A data de Êxodo 12:1-2 era a base para determinar todas as outras datas.

O SÁBADO SEMANAL

A introdução de uma nova contagem em Êxodo 12:1-2 também era importante para os judeus guardassem o sábado semanal. Se quando “falou o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o princípio dos meses”, Deus determinou quando seria o primeiro dia do primeiro mês, então o dia de guardar o sábado era a cada sete dias a partir daquela contagem inicial. Da mesma forma que quando lemos sobre o “mês sétimo” (Levítico 23:34), não devemos entender que o texto esteja falando sobre o nosso mês de julho, quando lemos sobre o “sábado”, devemos entender que o dia específico que seria identificado como dia de sábado teria Êxodo 12:1-2 como ponto de referência para começar a contagem. Foi com base em Êxodo 12:1-2 que os hebreus guardaram o sábado em Êxodo 16: “Partiram de Elim, e toda a congregação dos filhos de Israel veio para o deserto de Sim, que está entre Elim e Sinai, aos quinze dias do segundo mês, depois que saíram da terra do Egito…” (Êxodo 16:1)

A ORDEM DA NATUREZA E O PONTO DE REFERÊNCIA

Embora a libertação do Egito fosse o ponto de referência inicial para chamar cada dia ou mês de primeiro, segundo, terceiro, etc., a contagem do tempo não deixava de ser, como desde o princípio do mundo, baseada na posição e no movimento dos astros. Ou seja, para determinar se um dia já tinha passado, o israelita dependia da observação do movimento da terra em relação ao sol. Se um povo vai chamar esse ou aquele dia de primeiro, segundo ou terceiro, depende de outras considerações, mas para saber se um determinado período de tempo tem a duração de um dia ou de um ano, isso depende do movimento da terra em relação ao sol.

MESES E LUAS NOVAS

Assim como a duração de um dia baseia-se no movimento da terra em relação ao sol, a duração de um mês baseia-se no movimento da lua em relação à terra. A duração de um mês é baseada no tempo aproximado necessário à lua para efetuar uma volta ao redor da terra. Em nosso calendário moderno, há uma quantidade predeterminada de dias para cada mês. Por exemplo, o mês de setembro sempre tem 30 dias e o mês de dezembro sempre tem 31 dias. Em Israel, a duração de um mês não era predeterminada, mas era baseada na aparição da lua nova. A palavra hebraica para se referir a um mês é חֹדֶשׁ (chôdesh), que significa lua nova. Então, o novo mês começa quando o primeiro crescente visível da lua aparece pela primeira vez. Isso faz com que o mês tenha 29 ou 30 dias.

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