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“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.” (Êxodo 20:8-11)
“Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova…” (Jeremias 31:31)
O objetivo deste estudo é ensinar que o quarto mandamento continua a vigorar em nossos dias e que, sob a Nova Aliança, desde que Cristo ressuscitou dos mortos, o domingo é o novo sábado – o sábado do Novo Testamento e da Nova Criação. O estudo será publicado em dez partes. Esta é a parte 1.
1. A LEI MORAL E A CRIAÇÃO
Quando Deus criou os céus e a terra, ele “viu tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gn 1:31). Essa bondade da criação de Deus é o que faz com que exista uma lei moral. A lei moral é a divina revelação sobre os tipos de pensamentos, desejos, afetos, palavras e ações que Deus aprova como bons e sobre os que ele condena como maus. Essa lei moral é também uma lei natural, pois baseia-se na natureza de Deus e da criação. Há um único ser que, por natureza, é Deus (Gn 1:1-31). Por isso, a lei moral condena a adoração de outros como se fossem deuses (Êx 20:1). A natureza humana foi criada à imagem de Deus (Gn 1:26-27; 9:6). Por isso, a lei moral condena o homicídio (Gn 9:6; Êx 20:13). Deus criou o homem e a mulher e instituiu o casamento (Gn 1:27-28; 2:21-24). Por isso, a lei moral condena o adultério (Êx 20:14; Mt 19:3-9). Todos os mandamentos da lei moral fundamentam-se na bondade de Deus e do mundo que ele criou. O pecado, que é a transgressão da lei moral (1 Jo 3:4), é a transgressão da ordem da criação.
2. A CRIAÇÃO E O TEMPO
Somente Deus é eterno, não tendo princípio ou fim. Toda a criação é temporal. Quando Deus criou os céus e a terra, ele estabeleceu uma estrutura temporal para sua criação. A unidade temporal básica da criação é o dia. “Em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há” (Êx 20:11). Deus criou o dia é dividiu-o em duas partes principais – o período claro e o período escuro:
GÊNESIS 1
(1) No princípio criou Deus os céus e a terra.
(2) E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
(3) E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
(4) E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
(5) E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
Aqui Moisés nos ensina que, no princípio da criação, tudo se encontrava em estado de trevas absolutas. O primeiro dia da criação começou em um estado de escuridão absoluta até que, durante aquele mesmo dia, Deus criou a luz: “E disse Deus: Haja luz; e houve luz”. No verso 5, a palavra “dia” tem dois significados. É usado para se referir ao período completo (“o dia primeiro”), mas também é usado para se referir somente ao período claro (“e Deus chamou à luz Dia”). Assim, o dia (período completo) divide-se em duas partes principais: o período claro (“E Deus chamou à luz Dia”) e o período escuro (“e às trevas chamou Noite”). Posteriormente, no quarto dia da criação, Deus criou o sol, a lua e as estrelas para que o homem fosse capaz de marcar a passagem do tempo:
GÊNESIS 1
(14) Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos.
(15) E sejam para luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez.
(16) Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas.
(17) E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra,
(18) para governarem o dia e a noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom.
(19) Houve tarde e manhã, o quarto dia.
Aqui Deus criou o sol e a lua para governar o dia (período claro) e a noite (período escuro). O dia e a noite já existiam, mas ainda não eram governados pelo sol e pela lua. Ou seja, já existia a estrutura temporal de alternância entre dia e noite e de alternância entre um dia e outro, mas essa estrutura temporal não era governada pelo sol e pela lua. A luz já existia (Gn 1:3), mas ela não era emitida por nenhum corpo celeste específico. Isso significa que a duração de um dia completo não é realmente determinada pela posição da terra em relação ao sol. Pelo contŕario, a duração de um dia completo já existia antes de existir sol e, no quarto dia, quando Deus criou o sol, ele fez com que tempo de rotação da terra em relação ao sol fosse equivalente a esse período de um dia completo. Em outras palavras, o período de um dia completo já existia, e Deus fez o sol se conformar a esse período de tempo. Esse é o sentido de fazer o sol governar. Assim, o sol, a lua e as estrelas passaram a servir de “sinais” (v. 14) para que o homem fosse capaz de marcar a passagem do tempo. Todos os meios que os homens utilizam para marcar o tempo são baseados no movimento e na posição desses “luzeiros” (v. 15). A duração de um dia e de um ano é baseada no movimento da terra em relação ao sol e a duração de um mês é baseada nos movimentos da lua. Além disso, nós dividimos o ano em estações, o que também é baseado no movimento da terra em relação ao sol.
E qual é o significado de “tarde e manhã” (Gn 1:5,8,13,19,23,31)? “Tarde” e “manhã”, são dois períodos de transição. “Tarde” é o período de transição entre o período claro e o período escuro. Ou seja, “tarde” é o período marcado pelo pôr do sol. Diversas passagens bíblicas demonstram isso: “Não poderás sacrificar a Páscoa em nenhuma das tuas cidades que te dá o Senhor, teu Deus, senão no lugar que o Senhor, teu Deus, escolher para fazer habitar o seu nome, ali sacrificarás a Páscoa à tarde, ao pôr do sol, ao tempo em que saíste do Egito” (Dt 16:5-6). “Ao rei de Ai, enforcou-o e o deixou no madeiro até à tarde; ao pôr do sol, por ordem de Josué, tiraram do madeiro o cadáver, e o lançaram à porta da cidade, e sobre ele levantaram um montão de pedras, que até hoje permanece” (Js 8:29). “À tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus todos os enfermos e endemoninhados.” (Mc 1:32). O sol é o luzeiro responsável pelo governo do período claro (Gn 1:16). Por isso, quando o sol se põe, o período claro cessa e dá lugar à noite.
“Manhã” também é um período de transição. É o período de transição entre o fim de um dia (período completo de 24 horas) e o início de um novo dia. A “manhã” não começa, como muitos pensam, somente quando o sol nasce. Começa à meia-noite. Por isso, costumamos dizer: “uma da manhã”, “duas da manhã”, “três da manhã”, etc. para se referir ao período depois da meia-noite e antes do sol nascer. Como lemos também no Evangelho: “E, levantando-se de manhã, muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Marcos 1:35).
Meia-noite, que é o início da manhã, é um momento de transição porque marca o início de um novo dia. O primeiro dia da obra da criação começou em um estado de escuridão absoluta. Por isso, cada dia começa no ápice da escuridão, que é à meia-noite. Meia-noite é o ápice da escuridão e, a partir daí, o dia (período de 24 horas) vai ficando progressivamente mais claro, bem aos poucos, até que chega o momento em que o sol fica visível (nascer do sol). Depois de avançar por mais algumas horas, a claridade chega ao seu ápice ao meio-dia. A partir do meio-dia, o processo é o contrário. A partir do meia-dia, o dia (período de 24 horas) vai ficando progressivamente mais escuro, bem aos poucos, até que chega o momento em que o sol desaparece (pôr do sol) e, depois de avançar por mais algumas horas, a escuridão novamente chega ao seu ápice à meia-noite. Se o universo começou em um estado de escuridão absoluta, então o primeiro dia começou no momento que é equivalente ao que chamamos de meia-noite, que é o início da manhã.
Sendo assim, quando lemos em Gênesis 1: “E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro“, “e foi a tarde e a manhã, o dia segundo”, etc., Moisés está se referindo a todo o período noturno que precedia o início do novo dia (que começaria à meia noite). O objetivo de Moisés foi explicar que Deus não trabalhava para criar coisas novas durante o período escuro do dia, somente durante o período claro. Por exemplo, está escrito sobre o segundo dia:
GÊNESIS 1
(6) E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas.
(7) Fez, pois, Deus o firmamento e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez.
(8) E chamou Deus ao firmamento Céus. Houve tarde [transição entre o período claro e o período escuro] e manhã [meia-noite], o segundo dia.
Aqui devemos entender que o estabelecimento do firmamento no meio das águas aconteceu durante o período claro. Por quê? Porque depois de dizer isso, é dito que “houve tarde e manhã”. Ou seja, é dito que o que Deus fez, ele fez antes do fim do período claro do segundo dia. O período entre a tarde (fim do período claro) e a manhã (meia-noite) é todo o período noturno do segundo dia antes do início do dia terceiro. Esse é o padrão de Deus em cada dia. Ele criava durante o período claro e, depois, entre a tarde e a manhã, que era o período escuro daquele dia, ele não criava. Por isso, em cada dia, depois de descrever a obra criativa de Deus, é dito que “houve tarde e manhã”.
No final do sexto dia, Deus “viu tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gn 1:31). Isso significa que nós devemos reconhecer que a estrutura temporal que Deus criou é muito boa. Essa estrutura temporal, que inclui dias, semanas, meses, estações e anos, faz parte da boa criação de Deus.
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