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O objetivo deste estudo é ensinar que o quarto mandamento continua a vigorar em nossos dias e que, sob a Nova Aliança, desde que Cristo ressuscitou dos mortos, o domingo é o novo sábado – o sábado do Novo Testamento e da Nova Criação. O estudo será publicado em dez partes. Esta é a parte 5.
14. A AB-ROGAÇÃO DOS TEMPOS SAGRADOS DO VELHO TESTAMENTO
A ab-rogação da lei cerimonial do Velho Testamento inclui a ab-rogação dos dias específicos que os crentes, até então, tinham que guardar. O apóstolo Paulo falou sobre isso na Epístola aos Colossenses:
COLOSSENSES 2
(6) Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele,
(7) Arraigados e sobreedificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, nela abundando em ação de graças.
(8) Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;
(9) Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade;
(10) E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade;
(11) No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, pela circuncisão de Cristo;
(12) Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.
(13) E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas,
(14) Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.
(15) E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo.
(16) Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados,
(17) Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.
Quando o apóstolo diz: “como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele” (v. 6), o sentido é que eles deveriam viver a vida cristã da maneira que eles foram ensinados pelos apóstolos, não alterando a doutrina que eles receberam com base em “filosofias e vãs sutilezas”, “tradição dos homens” ou com base nos “rudimentos do mundo” (v. 8). A doutrina que eles receberam de Cristo através dos apóstolos não era uma doutrina humana porque, em Cristo, “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (v. 9). A doutrina de Cristo, sendo divina, é completa, perfeita e suficiente. Por isso, não pode ser alterada.
Em seguida, o apóstolo fala sobre algumas mudanças que ocorreram depois que o Deus encarnado instituiu a Nova Aliança. A primeira mudança que ele menciona é que a circuncisão do Velho Testamento foi substituída por uma nova circuncisão, “a circuncisão de Cristo” (v. 11), que é o batismo (v. 12). Depois, ele menciona uma segunda mudança, que é que, sob a Nova Aliança, não devemos mais guardar os dias que eram guardados sob a Nova Aliança: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados…” (v. 16) É importante observar que o verso 16 começa com um “portanto”. Isso significa que o que é dito no verso 16 é uma consequência lógica do que foi dito nos versos anteriores. Nos versos anteriores, ele fala sobre a morte (v. 14) e sobre a ressurreição (v. 15) de Jesus. Ou seja, a morte e a ressurreição de Jesus fez com que as leis do Velho Testamento mencionadas no verso 16 fossem ab-rogadas. Por isso, os crentes da Nova Aliança não podem mais ser julgados por não observar essas leis.
O que Paulo ensina em Colossenses 2:14-16 é o mesmo que foi ensinado na Epístola aos Hebreus. No verso 17, ele diz que essas leis do Velho Testamento eram “sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”. Na Epístola aos Hebreus, ele utiliza a expressão “a sombra dos bens futuros” (v. 1) para se referir à ordenanças temporárias do Velho Testamento (cf. Hb 9:1-10) que deveriam vigorar somente até a morte de Cristo, que foi quando a Nova Aliança foi instituída (cf. Hb 9:11-28). Por isso, Colossenses 2:14-16 diz que essas mudanças só aconteceram mediante a morte (v. 14) e a ressurreição (v. 16) de Jesus. Essas leis continuaram a vigorar até a ressurreição de Jesus “porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hb 9:16-17)
Quando Paulo diz, “ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados…” (v. 16), ele está se referindo aos dias santos que deveriam ser guardados pelos crentes do Velho Testamento. Sabemos disso porque o apóstolo usa uma linguagem que aparece em muitas passagens do Velho Testamento:
1 CRÔNICAS 23
(27) Porque, segundo as últimas palavras de Davi, foram contados os filhos de Levi da idade de vinte anos para cima:
(28) Porque o seu cargo era assistir aos filhos de Arão no ministério da casa do Senhor, nos átrios, e nas câmaras, e na purificação de todas as coisas sagradas, e na obra do ministério da casa de Deus.
(29) A saber: para os pães da proposição, e para a flor de farinha, para a oferta de alimentos, e para os coscorões ázimos, e para as sertãs, e para o tostado, e para todo o peso e medida;
(30) E para estarem cada manhã em pé para louvarem e celebrarem ao Senhor; e semelhantemente à tarde;
(31) E para oferecerem os holocaustos do Senhor, aos sábados, nas luas novas, e nas festas fixas, segundo o seu número e costume, continuamente perante o Senhor;
(32) E para que tivessem cuidado da guarda da tenda da congregação, e da guarda do santuário, e da guarda dos filhos de Arão, seus irmãos, no ministério da casa do Senhor.
2 CRÔNICAS 2
(3) Salomão mandou dizer a Hirão, rei de Tiro: Como procedeste para com Davi, meu pai, e lhe mandaste cedros, para edificar a casa em que morasse, assim também procede comigo.
(4) Eis que estou para edificar a casa ao nome do SENHOR, meu Deus, e lha consagrar, para queimar perante ele incenso aromático, e lhe apresentar o pão contínuo da proposição e os holocaustos da manhã e da tarde, nos sábados, nas Festas da lua nova e nas festividades do SENHOR, nosso Deus; o que é obrigação perpétua para Israel.
2 CRÔNICAS 8
(12) Então, Salomão ofereceu holocaustos ao SENHOR, sobre o altar que tinha edificado ao SENHOR diante do pórtico;
(13) e isto segundo o dever de cada dia, conforme o preceito de Moisés, nos sábados, nas Festas da lua nova, e nas festas fixas, três vezes no ano: na Festa dos Pães Asmos, na Festa das Semanas e na Festa dos Tabernáculos.
2 CRÔNICAS 31
(2) Estabeleceu Ezequias os turnos dos sacerdotes e dos levitas, turno após turno, segundo o seu mister: os sacerdotes e levitas, para o holocausto e para as ofertas pacíficas, para ministrarem e cantarem, portas a dentro, nos arraiais do SENHOR.
(3) A contribuição que fazia o rei da sua própria fazenda era destinada para os holocaustos, para os da manhã e os da tarde e para os holocaustos dos sábados, das Festas da lua nova e das festas fixas, como está escrito na Lei do SENHOR.
NEEMIAS 10
(32) Também sobre nós pusemos preceitos, impondo-nos cada ano a terça parte de um siclo para o serviço da casa do nosso Deus,
(33) e para os pães da proposição, e para a contínua oferta de manjares, e para o contínuo holocausto dos sábados e das Festas da lua nova, e para as festas fixas, e para as coisas sagradas, e para as ofertas pelo pecado, e para fazer expiação por Israel, e para toda a obra da casa do nosso Deus.
(34) Nós, os sacerdotes, os levitas e o povo deitamos sortes acerca da oferta da lenha que se havia de trazer à casa do nosso Deus, segundo as nossas famílias, a tempos determinados, de ano em ano, para se queimar sobre o altar do SENHOR, nosso Deus, como está escrito na Lei.
ISAÍAS 1
(13) Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da lua nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene.
(14) As vossas Festas da lua nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer.
EZEQUIEL 44
(23) A meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano e o farão discernir entre o imundo e o limpo.
(24) Quando houver contenda, eles assistirão a ela para a julgarem; pelo meu direito julgarão; as minhas leis e os meus estatutos em todas as festas fixas guardarão e santificarão os meus sábados.
EZEQUIEL 45
(16) Todo o povo da terra fará contribuição, para esta oferta, ao príncipe em Israel.
(17) Estarão a cargo do príncipe os holocaustos, e as ofertas de manjares, e as libações, nas Festas da lua nova e nos sábados, em todas as festas fixas da casa de Israel; ele mesmo proverá a oferta pelo pecado, e a oferta de manjares, e o holocausto, e os sacrifícios pacíficos, para fazer expiação pela casa de Israel.
EZEQUIEL 46
(3) O povo da terra adorará na entrada da mesma porta, nos sabados e nas Festas da lua nova, diante do SENHOR.
OSEIAS 2(11) E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades.
Quando Paulo diz, “ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados…” (v. 16), ele usa exatamente a mesma linguagem que aparece em todas essas passagens. Portanto, devemos entender que ele está falando sobre a mesma coisa. O que essas passagens mencionam são os dias santos de Levítico 23 e Números 28. Em Números 28, nós lemos sobre os deveres dos sacerdotes e levitas para as manhãs e para as tardes (v. 3-8), para os sábados (v. 9-10), para as luas novas (v. 11-15) e para todas as demais festas fixas (Nm 28:16-31; 29:1-40). Sendo assim, Colossenses 2:14-17 claramente ensina que os dias específicos que os crentes do Velho Testamento tinham que guardar não devem mais ser guardados sob a Nova Aliança.
O apóstolo Paulo ensinou o mesmo na epístola aos Gálatas:
GÁLATAS 4
(1) Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo;
(2) Mas está debaixo de tutores e curadores até ao tempo determinado pelo pai.
(3) Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo.
(4) Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
(5) Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.
(6) E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.
(7) Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.
(8) Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses.
(9) Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?
(10) Guardais dias, e meses, e tempos, e anos.
(11)Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco.
Aqui o objetivo do é chamar atenção para uma semelhança e uma diferença entre os crentes que viveram sob a Aliança Mosaica e os crentes que vivem sob a Nova Aliança. A semelhança é que, tanto sob a Aliança Mosaica quanto sob a Nova Aliança, os crentes são filhos de Deus (v. 1-2, 5-7). A diferença é que, sob a Aliança Mosaica, os crentes eram filhos na infância, mas sob a Nova Aliança, os crentes são filhos adultos. Ou seja, não há dois povos de Deus, um povo diferente para cada aliança, mas há o mesmo povo de Deus em dois estágios de maturidade. Sob o Pacto Mosaico, o povo de Deus estava em sua infância, e sob a Nova Aliança, o povo de Deus atingiu a maturidade. “Assim também nós, quando éramos meninos…” (v. 3)
Na analogia do apóstolo, o que caracterizava a Igreja em sua infância, que era a Igreja do Velho Testamento, eram as leis cerimoniais do Velho Testamento. “Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo” (v. 3). O que ele chama de “primeiros rudimentos do mundo” são as leis cerimoniais. No verso 9, ele reclama daqueles que viviam sob a Nova Aliança, mas queriam guardar as leis cerimoniais do Velho Testamento. Essas leis eram apropriadas para a Igreja em sua infância, mas não eram apropriadas para a Igreja dos filhos adultos. No verso 10, ele cita diretamente algumas dessas leis que muitos ainda queriam guardar: “Guardais dias, e meses, e tempos, e anos”. Esses “dias” eram os os dias santos de Levítico 23 e Números 28. Ele diz “meses” porque as festas aconteciam em três meses do ano (Êx 23:14, 17; 34:23): no primeiro mês, no terceiro mês e no sétimo mês (Lv 23:5, 15-16, 21, 34). Por isso, quando eles guardavam as festas de cada um desses meses, eles estavam guardando aquele mês. “Guarda o mês de Abibe, e celebra a páscoa ao SENHOR teu Deus; porque no mês de Abibe o SENHOR teu Deus te tirou do Egito, de noite” (Dt 16:1). E ele diz “anos” porque eles tinham que guardar o ano sabático (Lv 25:1-7) e o ano do jubileu (Lv 25:8-13). Todas essas coisas deveriam ser observadas pelos crentes do Velho Testamento, mas não devem ser observadas por nós que vivemos sob a Nova Aliança.
Esses dias, meses e anos eram determinados com base no calendário que Deus instituiu para a Aliança Mosaica (Êx 12:1-2). Nesse calendário, os israelitas tinham que contar o tempo e marcar todas as suas datas com base na data da libertação da escravidão do Egito “E falou o Senhor a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano” (Êx 12:1-2). “Guarda o mês de Abibe, e celebra a páscoa ao SENHOR teu Deus; porque no mês de Abibe o SENHOR teu Deus te tirou do Egito, de noite” (Dt 16:1). Mas se mediante a morte de Cristo (Hb 9:16-17; Cl 2:14-17), Deus estabeleceu uma Nova Aliança que substituiu a Aliança Mosaica (Jr 31:31-32), segue-se que não faz sentido preservar o calendário que tinha como objetivo comemorar a Aliança Mosaica. Se o objetivo do calendário mosaico era comemorar a Aliança Mosaica, preservar o calendário significa negar que a Nova Aliança verdadeiramente foi estabelecida. Como está escrito: “Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra… Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que nunca mais dirão: Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito” (Jr 23:5,7). O Renovo justo é Jesus, e esses dias são os dias da Nova Aliança (Jr 31:31-32).
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