Dízimo: a Gratidão Materializada

Para entender o que a Bíblia ensina sobre o dízimo, é necessário entender, primeiro, o que a Bíblia ensina sobre a gratidão e sobre a sobre a relação entre a gratidão e a providência de Deus. O objetivo deste estudo é demonstrar que, na Bíblia, o dízimo é apresentado como uma materialização da gratidão do homem pela providência de Deus.

A graciosa providência de Deus

A providência de Deus é o seu onipotente governo sobre todas as criaturas. Nesse governo, Deus soberanamente garante que todos os acontecimentos cooperem para a bem-aventurança de seus filhos (Rm 8:28). Ele governa todas as coisas de modo a suprir tudo o que é necessário para o bem do seu povo, suprindo tanto as suas necessidades espirituais quanto as suas necessidades materiais. Por isso, devemos ser gratos a Deus por tudo o que temos de bom. Se os nossos olhos foram abertos para o evangelho, se temos a remissão dos nossos pecados, se fomos reconciliados com Deus por meio de Cristo, e se o Espírito Santo nos santifica e nos conduz à vida eterna, devemos ser imensamente gratos a Deus por tantas riquezas espirituais (Ef 1:3). E também devemos ser gratos a ele pelo “pão nosso de cada dia” (Mt 6:11) porque o Senhor é quem “faz crescer a erva para o gado, e a verdura para o serviço do homem, para fazer sair da terra o pão, e o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem” (Sl 104:14-15). É da mão do Senhor que vem todo o nosso sustento e todos os nossos bens (v. 27-28).

A providência de Deus e as bênçãos espirituais

Devemos ser gratos a Deus por todas as bênçãos espirituais que ele nos concede em Cristo Jesus: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1:3). Mas para que a nossa gratidão seja completa, devemos refletir sobre os meios que Deus utiliza para nos tornar espiritualmente ricos. Somos justificados por meio da fé em Cristo. Mas como Deus fez a bênção da justificação chegar até nós? Não devemos ser gratos somente pela bênção da justificação, mas também por todos os meios que Deus utiliza para fazer essa bênção chegar até nós. Deus justifica pela fé mediante a pregação das Sagradas Escrituras (Rm 10:13-17). Então, devemos agradecer a Deus pelos profetas e apóstolos que ele escolheu para escrever a Bíblia, pelas pessoas que traduziram a Bíblia para o nosso idioma, pelos pregadores que Deus levanta para pregar, pelo Espírito Santo que capacita os pregadores e pela igreja em que ouvimos a Palavra sendo pregada. Por cada bênção espiritual que recebemos de Deus, temos muitas razões para agradecer, não somente pelas próprias bênçãos, mas também por todos os meios que Deus utiliza para fazê-las chegar até nós.

A providência de Deus e as bênçãos materiais

Quando dizemos que Deus, em sua providência, é aquele que supre todas as nossas necessidades materiais, isso não significa que ele vai fazer a comida cair do céu. Se ele quiser, ele até tem o poder para fazer comida cair do céu. Foi o que ele fez por Israel no deserto (Êx 16:4), mas não é assim que ele costuma prover. Para que a nossa gratidão seja completa, não é suficiente saber que “o pão nosso de cada dia” (Mt 6:11) vem de Deus. É importante entender os meios que Deus utiliza. A Bíblia ensina que a maneira normal de Deus garantir o nosso sustento é através do trabalho (Dt 8; Sl 104:23).

Quando Jacó, por ordem de Isaque, fugiu para Padã-Arã, ele orou pedindo a Deus que suas necessidades fossem supridas (Gn 28:20-22). Quando Deus atendeu ao pedido de Jacó, o que ele fez foi abençoar o trabalho de Jacó para que ele prosperasse (Gn 30:27-43). Desde o princípio da criação, antes da entrada do pecado no mundo, Deus ordenou que o homem trabalhasse (Gn 1:26-28; 2:15). O dever de trabalhar não é um resultado da queda de nossos primeiros pais. A queda tornou o trabalho penoso (Gn 3:18-19), mas o trabalho é uma ordenança criacional. Desde o princípio, o trabalho é o meio ordenado por Deus para recebermos o “pão nosso de cada dia” (Mt 6:11) de suas mãos, isto é, para adquirirmos os nossos bens e todos os recursos que temos (2 Ts 3:6-12).

Infelizmente, muitos não conseguem enxergar a graça de Deus no trabalho comum. Se Deus nos alimentasse fazendo a comida cair do céu (Êx 16:4), seria muito difícil negar a graciosa provisão de Deus, mas os nossos recursos materiais não deixam de ser fruto da graça de Deus pelo fato de termos que trabalhar. Sobre isso, o livro de Deuteronômio ensina que, quando trabalhamos, não devemos crer que as coisas que adquirimos através do nosso trabalho sejam fruto de nosso próprio esforço autônomo. Devemos crer que, quando trabalhamos, é Deus quem nos dá inteligência, saúde e força para trabalhar, e que dependemos de sua bênção para prosperarmos em todos os nossos empreendimentos (Dt 8:17-18). Se temos inteligência, saúde e força para trabalhar, se as oportunidades batem à nossa porta, e se, através do nosso trabalho, aumentamos os nossos bens (Dt 8:12-13), devemos reconhecer que Deus é quem nos dá esses bens. Como bem disse Jacó: “Tu sabes como te tenho servido, e como passou o teu gado comigo. Porque o pouco que tinhas antes de mim tem aumentado em grande número; e o SENHOR te tem abençoado por meu trabalho” (Gn 30:29-30).

O dízimo é a materialização da gratidão

Há diversas maneiras de demonstrar que somos gratos a Deus. Devemos agradecer orando (1Tm 2:1), cantando (Sl 147:7) e também através dos nossos dízimos. A Bíblia ensina que o dízimo é uma materialização da gratidão que devemos ter por todas bênçãos que Deus nos dá – espirituais e materiais. Quando Jacó fugiu para Padã-Arã (Gn 28:1-5), ele fez o seguinte voto:

“E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; e eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus; e esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.” (Gênesis 28:20-22)

Aqui Jacó fala do dízimo como uma resposta de gratidão à amorosa providência de Deus. Ele falou tanto de bênçãos espirituais (“Se Deus for comigo…”) quanto de bênçãos materiais (“…e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir“). Como resposta de gratidão, ele consagraria a décima parte de tudo o que ele recebesse de Deus (“de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo“). O dízimo seria a materialização de sua gratidão.

Amando o próximo como Deus nos amou

A Bíblia fala contra aqueles que “com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim” (Isaías 29:13), e também questiona: “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?” (1 João 3:17). É muito fácil dizer que somos gratos a Deus da boca para fora. O dízimo é a materialização de nossa gratidão porque, ao dizimar, nós estamos fazendo pelo próximo aquilo que nós dizemos reconhecer que Deus fez por nós. Quando o nosso dízimo é utilizado para promover a adoração a Deus e a pregação do evangelho, estamos imitando a Deus em sua provisão espiritual. E quando o nosso dízimo é utilizado para socorrer os órfãos, as viúvas e os pobres em suas necessidades materiais, estamos imitando a Deus em sua provisão material. Dizimar é isso: é imitar a Deus, fazendo pelo próximo o que Deus fez por nós, amando o próximo como Deus nos amou (Jo 15:12). É consagrar a décima parte de nossa renda a Deus para suprir as necessidades espirituais e materiais do nosso próximo, como Deus supre as nossas.

O dízimo e os levitas

No tempo de Moisés, Deus ordenou que os dízimos fossem pagos e administrados pelos levitas. O motivo era que a tribo de Levi era a tribo dos sacerdotes de Israel:

“Disse também o Senhor a Arão: Na sua terra herança nenhuma terás, e no meio deles, nenhuma parte terás; eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos filhos de Israel. E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniqüidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão, porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.” (Números 18:20-24)

Os levitas eram a tribo sacerdotal. Eles eram responsáveis pelo culto e pelo ensino da Palavra de Deus em Israel (Ml 2:1-7). Por isso, o dízimo tinha que ser utilizado para sustentá-los. Quando um israelita dizimava ao Senhor, ele estava demonstrando gratidão a Deus e amor ao próximo porque o ministério de adoração e de ensino que os levitas exerciam era o meio de Deus suprir as necessidades espirituais de seu povo. Se eles deixassem de dizimar, os levitas ficariam desamparados e, consequentemente, toda a nação seria espiritualmente prejudicada. Os dízimos também eram necessários para amparar os que eram passavam por dificuldades materiais (Dt 26:12-13), então se eles deixassem de dizimar, essas pessoas também seriam financeiramente prejudicadas.

O dízimo e o sacerdócio de Cristo

Séculos antes dos levitas se tornarem os sacerdotes de Israel, Melquisedeque foi o sacerdote de Abraão, o pai da nação de Israel. É importante entender que Melquisedeque foi o sacerdote de Abraão porque o Salmo 110 ensina que quando Jesus, o Messias, fosse entronizado como rei, ele seria o nosso sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. “Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés… Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110:1, 4). Jesus assentou-se à destra de Deus quando ele subiu ao céu depois de sua ressurreição (Mc 16:19) e, desde então, ele é o nosso rei e sacerdote. É por isso que, desde que Jesus morreu, ressuscitou e ascendeu ao céu, o modo apropriado de buscar e adorar a Deus mudou. Os crentes do Novo Testamento não devem mais adorar a Deus através do sacerdócio levítico no templo de Jerusalém, através dos sacrifícios e holocaustos de animais que os sacerdotes levitas ofereciam no Velho Testamento. Os crentes do Novo Testamento devem adorar a Deus através do sacerdócio de Cristo, que está em seu templo do céu, através do sacrifício que Cristo ofereceu na cruz. Ou seja, o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque substitui o sacerdócio levítico:

“Se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão?” (Hebreus 7:11)

Dizer que Jesus é sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque significa dizer que há uma semelhança entre o modo com que Abraão buscava e adorava a Deus através do sacerdócio de Melquisedeque e a maneira com que nós devemos buscar a Deus através do sacerdócio de Cristo. Como sacerdote de Abraão, Melquisedeque serviu a Abraão com com pão e vinho (Gn 14:18-20). Semelhantemente, na Ceia do Senhor, nós somos servidos por Jesus com pão e vinho (Mt 26:26-28). Melquisedeque também recebeu o dízimo de Abraão. Se Cristo é o nosso sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, então Cristo deve receber os nossos dízimos:

“Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda a contenda. Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento; para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; a qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu, onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; a quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz… sendo feito semelhante ao Filho de Deus… E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro. De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? (…) Porque ele assim testifica: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.” (Hebreus 6:16-20; 7:1-22)

Essa passagem deixa claro que o direito ao dízimo não é um direito exclusivo do sacerdócio levítico do Velho Testamento. Ele também é um direito do sacerdócio de Cristo no tempo do Novo Testamento, pois o sacerdócio de Cristo é segundo a ordem de Melquisedeque. No verso 8, quando ele diz que “certamente tomam dízimos homens que morrem”, ele está falando dos sacerdotes levitas. Os sacerdotes levitas, que eram mortais, recebiam o dízimo. No mesmo verso, ele diz em seguida que Cristo, que é imortal, também recebe dízimos: “ali, porém, aquele de quem se testifica que vive”. Ou seja, aqueles que adoravam a Deus pelo sacerdócio levítico deveriam pagar o dízimo para os levitas, e aqueles que adoram a Deus pelo sacerdócio de Cristo devem pagar o dízimo para Cristo. A regra é que o dízimo pertence a Deus (Gn 28:20-22) e deve ser pago aos que Deus soberanamente ordenou que fossem sacerdotes (Hb 5:1-10). Sob o Pacto Mosaico, os sacerdotes ordenados por Deus eram os levitas. Sob o Novo Pacto, nosso sacerdote é Jesus.

O dízimo deve ser pago a Cristo através da Igreja

Sob o Pacto Mosaico, o dízimo era entregue aos levitas no templo de Jerusalém (Ne 10:38; Ml 3:10). Sob o Novo Pacto, a Igreja tem as chaves do reino de Cristo (Mt 16:19), e a Igreja é o santuário em que Cristo exerce o seu ministério sacerdotal (Ef 2:20-22), servindo-nos com o pão e com o vinho na congregação daqueles que têm a mesma fé de Abraão (1Co 11:18-34). Por isso, o dízimo deve ser pago a Cristo através da Igreja. As autoridades que Cristo estabeleceu na Igreja – os presbíteros e os diáconos – devem administrar os dízimos da Igreja em nome de Cristo, isto é, para a finalidade determinada por Cristo.

Cristo usa o dízimo para salvar os perdidos

Na epístola aos Coríntios, o apóstolo Paulo defendeu que ele tinha o direito de receber um salário por seu trabalho como apóstolo e pregador do evangelho:

Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo Senhor nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor? Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor. Esta é minha defesa para com os que me condenam. Não temos nós direito de comer e beber? Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado?” (1 Coríntios 9:1-7)

Em seguida, Paulo argumenta que os pregadores do Novo Testamento têm o direito de receber um salário como os sacerdotes levitas do Velho Testamento recebiam:

“Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” (1 Coríntios 9:13-14)

“Os que administram o que é sagrado” e “os que de contínuo estão junto ao altar” eram os sacerdotes levitas do Velho Testamento. Ou seja, Paulo está dizendo que os pregadores do Novo Testamento devem ser sustentados da mesma maneira que os sacerdotes do Velho Testamento – através do dízimo. Isso significa que o dízimo é utilizado por Cristo para salvar os perdidos. Cristo salva mediante a pregação do evangelho (Rm 10:13-14), e o dízimo é um dos meios que ele utiliza para sustentar os pregadores que ele envia (Rm 10:15). Ou seja, quando o povo negligencia os dízimos, ela está negligenciando a salvação dos perdidos, pois a pregação do evangelho é o único meio de salvar o pecador (Rm 1:16).

Cristo usa o dízimo para ajudar os necessitados 

O Salmo 72 profetiza que, no tempo do Novo Testamento, quando Jesus fosse rei, ele ouviria os clamores dos necessitados e atenderia suas necessidades: “Porque ele livrará ao necessitado quando clamar, como também ao aflito e ao que não tem quem o ajude. Compadecer-se-á do pobre e do aflito, e salvará as almas dos necessitados” (Sl 72:12-13). Para atender as necessidades materiais daqueles que clamam, Cristo frequentemente utiliza os dízimos. Os dízimos estão entre os recursos que Cristo utiliza para cumprir o que o Salmo 72 diz sobre ele, pois o dízimo é usado pela Igreja para ajudar os pobres e necessitados. Ou seja, quando o povo negligencia os dízimos, ela está negligenciando os pobres e os necessitados. E quando o povo é fiel nos dízimos, ela coopera com o cumprimento da profecia do Salmo 72:12-13.

No Novo Testamento, as contribuições são sempre voluntárias?

Alguns argumentam que, sob o Novo Testamento, não temos a obrigação de pagar dízimos e que o que existe para o tempo do Novo Testamento são somente as contribuições voluntárias – contribuições em que nós mesmos determinamos o valor. Mas a epístola aos Hebreus ensina que, no tempo do Novo Testamento, devemos pagar dízimos a Jesus: “E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive” (Hebreus 7:8). O dízimo não é uma instituição exclusivamente levítica, pois o dízimo também existe sob o sacerdócio segundo a ordem de Melquisedeque, que é o sacerdócio de Cristo. Os levitas recebiam os dízimos porque eles eram os sacerdotes daquele tempo. Agora Jesus recebe os dízimos porque ele é o novo sacerdote

Com frequência, 2 Coríntios 9:7 é citado para provar que, no tempo do Novo Testamento, a única coisa que vigora são as contribuições voluntárias:

“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.” (2 Coríntios 9:7)

De fato, nessa passagem, o apóstolo Paulo não fala sobre a contribuição de uma proporção fixa e obrigatória, como é o caso do dízimo. Ele fala de outro tipo de contribuição. Ele fala sobre uma contribuição em que o próprio contribuinte decide quanto ele quer contribuir “segundo propôs no seu coração”. Contudo, aqueles que citam 2 Coríntios 9:7 para provar que, no Novo Testamento, não há uma lei de dízimo, estão descontextualizando o texto. 2 Coríntios 9:7 faz parte de um discurso que começa em 2 Coríntios 8. O discurso começa em 2 Coríntios 8:1 e termina em 2 Coríntios 9:15. Nesse discurso, Paulo estava falando de uma coleta especial para os irmãos da Judéia que estavam passando por circunstâncias especialmente difíceis. Essa mesma coleta para os irmãos da Judéia é mencionada em Romanos 15:25-27 e 1 Coríntios 16:1-3. Paulo estava falando de uma coleta especial e extraordinária em que os irmãos da Galácia, de Corinto (1Co 16:1) e da Tessalônica (2Co 8:1-2) ajudariam os irmãos que estavam passando necessidade na Judéia. Ou seja, Paulo não estava falando sobre a maneira normal e usual de contribuir na própria igreja. Ele estava falando de uma contribuição extraordinária em circunstâncias extraordinárias para irmãos de outra igreja. Sendo assim, 2 Coríntios 9:7 não prova que não há uma lei do dízimo no tempo do Novo Testamento, mas prova que, além de dizimar, nós podemos contribuir com ofertas voluntárias. O dízimo é a décima parte – uma proporção obrigatória estabelecida por Deus. As ofertas voluntárias são de acordo com o que cada um propôs em seu coração (2Co 9:7). No Velho Testamento também funcionava assim. Além de pagar os dízimos, os crentes do Velho Testamento poderiam realizar ofertas voluntárias (Êx 25:1-8; 35:4-9).

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