Em outra postagem, explicamos que todos os atos de culto a Deus dependem das operações do Espírito Santo para acontecer. Isso não é verdade somente agora no tempo do Novo Testamento. Já era assim no tempo do Antigo Testamento.
O SANTUÁRIO
O principal lugar de culto no Antigo Testamento era o santuário. Sob a aliança mosaica, havia um só santuário em Israel e toda a adoração de Israel girava em torno do santuário e das cerimônias que eram realizadas no santuário, inclusive a adoração que acontecia no culto público da sinagoga aos sábados (cf. Levítico 23:3; Números 28:9-10; Deuteronômio 12:5-7) e adoração diária de cada homem com sua família ou sozinho em sua própria casa (cf. Números 28:1-8).
É importante entender que o santuário não era um edifício comum que poderia ser construído por qualquer um e de qualquer maneira. O santuário era um edifício sagrado, divinamente inspirado por obra Espírito Santo. Primeiro, o santuário não poderia ser construído de qualquer maneira porque tinha que ser construído exatamente da maneira que Deus revelou a Moisés:
ÊXODO 25
(1) Disse o SENHOR a Moisés:
(2) Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o mover para isso, dele recebereis a minha oferta.
(3) Esta é a oferta que dele recebereis: ouro, e prata, e bronze,
(4) e estofo azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabra,
(5) e peles de carneiro tintas de vermelho, e peles finas, e madeira de acácia,
(6) azeite para a luz, especiarias para o óleo de unção e para o incenso aromático,
(7) pedras de ônix e pedras de engaste, para a estola sacerdotal e para o peitoral.
(8) E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles.
(9) Segundo tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.
(40) Vê, pois, que tudo faças segundo o modelo que te foi mostrado no monte.
ÊXODO 39
(42) Tudo segundo o SENHOR ordenara a Moisés, assim fizeram os filhos de Israel toda a obra.
(43) Viu, pois, Moisés toda a obra, e eis que a tinham feito segundo o SENHOR havia ordenado; assim a fizeram, e Moisés os abençoou.
Como profeta, Moisés revelou aos israelitas o modelo do santuário por inspiração do Espírito Santo, pois o apóstolo Pedro ensinou que toda revelação profética era recebida por inspiração do Espírito (2 Pedro 1:21). Isso é confirmado pela epístola aos Hebreus, que ensina que o modelo santuário da aliança mosaica (Hebreus 9:1-7) foi dado pelo Espírito Santo com o objetivo de nos instruir (Hebreus 9:7-8). E não foi só o modelo do santuário que foi revelado por inspiração do Espírito Santo. O próprio ato de construir foi divinamente inspirado. O santuário não poderia ser construído por qualquer um. Tinha que ser construído pelas pessoas específicas que Deus escolheria e capacitaria através do Espírito Santo:
ÊXODO 31
(1) Disse mais o SENHOR a Moisés:
(2) Eis que chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá,
(3) e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício,
(4) para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata, em bronze,
(5) para lapidação de pedras de engaste, para entalho de madeira, para toda sorte de lavores.
(6) Eis que lhe dei por companheiro Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã; e dei habilidade a todos os homens hábeis, para que me façam tudo o que tenho ordenado:
(7) a tenda da congregação, e a arca do Testemunho, e o propiciatório que está por cima dela, e todos os pertences da tenda;
(8) e a mesa com os seus utensílios, e o candelabro de ouro puro com todos os seus utensílios, e o altar do incenso;
(9) e o altar do holocausto com todos os seus utensílios e a bacia com seu suporte;
(10) e as vestes finamente tecidas, e as vestes sagradas do sacerdote Arão, e as vestes de seus filhos, para oficiarem como sacerdotes;
(11) e o óleo da unção e o incenso aromático para o santuário; eles farão tudo segundo tenho ordenado.
ÊXODO 35
(30) Disse Moisés aos filhos de Israel: Eis que o SENHOR chamou pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá,
(31) e o Espírito de Deus o encheu de habilidade, inteligência e conhecimento em todo artifício,
(32) e para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata, em bronze,
(33) e para lapidação de pedras de engaste, e para entalho de madeira, e para toda sorte de lavores.
(34) Também lhe dispôs o coração para ensinar a outrem, a ele e a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã.
(35) Encheu-os de habilidade para fazer toda obra de mestre, até a mais engenhosa, e a do bordador em estofo azul, em púrpura, em carmesim e em linho fino, e a do tecelão, sim, toda sorte de obra e a elaborar desenhos.
É importante perceber que esses homens divinamente inspirados não foram inspirados para construir e fazer qualquer coisa. Eles foram cheios do Espírito Santo para construir o santuário e para fazer todas as coisas relacionadas ao santuário segundo o modelo que Deus revelou: “Eles farão tudo segundo tenho ordenado” (Êxodo 31:11). Tanto o próprio santuário quanto os objetos que faziam parte do santuário eram um produto da inspiração do Espírito.
O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DOS SACERDOTES
ÊXODO 28
(1) Faze também vir para junto de ti Arão, teu irmão, e seus filhos com ele, dentre os filhos de Israel, para me oficiarem como sacerdotes, a saber, Arão e seus filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar.
(2) Farás vestes sagradas para Arão, teu irmão, para glória e ornamento.
(3) Falarás também a todos os homens hábeis a quem enchi do Espírito de sabedoria, que façam vestes para Arão para consagrá-lo, para que me ministre o ofício sacerdotal.
Aqui nós vemos que, no exercício de seu ministério, os sacerdotes levitas não poderiam vestir qualquer roupa. Eles tinham que usar as vestes reveladas por Deus e confeccionadas por costureiros inspirados. “Falarás também a todos os homens hábeis a quem enchi do Espírito” (Êxodo 28:3). Além disso, para exercer o ofício, os sacerdotes precisavam ser ungidos com o óleo da unção: “E, com isso, vestirás Arão, teu irmão, bem como seus filhos; e os ungirás, e consagrarás, e santificarás, para que me oficiem como sacerdotes” (Êxodo 28:41). “Então, tomarás o óleo da unção e lho derramarás sobre a cabeça; assim o ungirás” (Êxodo 29:7). O óleo da unção era um símbolo do Espírito Santo (cf. 1 Samuel 16:13; Isaías 61:1). Portanto, tanto o uso vestes inspiradas quanto a unção na ocasião da ordenação apontavam para o fato de que o sacerdote, no exercício de seu ministério, dependia da obra do Espírito Santo.
AS COISAS INSPIRADAS PELO ESPÍRITO DE DEUS NÃO PODEM SER SUBSTITUÍDAS POR OBRAS HUMANAS
Quando Arão morreu, ele foi sucedido por seu filho Eleazar. Para que ele exercesse o sacerdócio, ele teve que usar a mesma veste que Arão usava:
“E falou o SENHOR a Moisés e a Arão no monte Hor, nos termos da terra de Edom, dizendo: Arão será recolhido a seu povo, porque não entrará na terra que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes à minha ordem, nas águas de Meribá. Toma a Arão e a Eleazar, seu filho, e faze-os subir ao monte Hor. E despe a Arão as suas vestes, e veste-as em Eleazar, seu filho, porque Arão será recolhido, e morrerá ali. Fez, pois, Moisés como o SENHOR lhe ordenara; e subiram ao monte Hor perante os olhos de toda a congregação. E Moisés despiu a Arão de suas vestes, e as vestiu em Eleazar, seu filho; e morreu Arão ali sobre o cume do monte; e desceram Moisés e Eleazar do monte”. (Número 20:23-28)
Por que Eleazar teve que usar a mesma veste que era usada por Arão? Porque aquela veste específica era divinamente inspirada. Sendo assim, eles não poderiam simplesmente mandar confeccionar outra (mesmo que a outra seguisse o mesmo modelo que foi revelado a Moisés). Tinha que ser a mesma que Arão usava porque a que ele usava foi confeccionada pela obra do Espírito de Deus (Êxodo 31:3,6,10).
Séculos mais tarde, depois que o santuário de Moisés foi destruído (Salmo 78:60-64; Jeremias 7:12; 26:6) e um novo santuário foi construído – o templo de Jerusalém – o edifício também não pôde ser construído por qualquer um e de qualquer maneira. Davi, sendo profeta (2 Samuel 23:1-2; Atos 2:30), recebeu de Deus a revelação do modelo do novo santuário (1 Crônicas 28:19). Depois que esse templo também foi destruído e um terceiro santuário teve que ser construído, a nova construção também aconteceu com base na revelação dos profetas (Esdras 5:1-2; 6:14). É importante observar que, na ocasião da construção desse terceiro santuário, é muito enfatizado que eles não fizeram novos utensílios para o templo, mas utilizaram os que foram preservados desde o tempo da destruição do templo de Salomão:
ESDRAS 1
(1) No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse a palavra do SENHOR, pela boca de Jeremias), despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo:
(2) Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR Deus dos céus me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá.
(3) Quem há entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que está em Judá, e edifique a casa do SENHOR Deus de Israel (ele é o Deus) que está em Jerusalém.
(4) E todo aquele que ficar atrás em algum lugar em que andar peregrinando, os homens do seu lugar o ajudarão com prata, com ouro, com bens, e com gados, além das dádivas voluntárias para a casa de Deus, que está em Jerusalém.
(5) Então se levantaram os chefes dos pais de Judá e Benjamim, e os sacerdotes e os levitas, com todos aqueles cujo espírito Deus despertou, para subirem a edificar a casa do SENHOR, que está em Jerusalém.
(6) E todos os que habitavam nos arredores lhes firmaram as mãos com vasos de prata, com ouro, com bens e com gado, e com coisas preciosas; além de tudo o que voluntariamente se deu.
(7) Também o rei Ciro tirou os utensílios da casa do SENHOR, que Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalém, e que tinha posto na casa de seus deuses.
(8) Estes tirou Ciro, rei da Pérsia, pela mão de Mitredate, o tesoureiro, que os entregou contados a Sesbazar, príncipe de Judá.
(9) E este é o número deles: trinta travessas de ouro, mil travessas de prata, vinte e nove facas,
(10) Trinta bacias de ouro, mais outras quatrocentas e dez bacias de prata, e mil outros utensílios.
(11) Todos os utensílios de ouro e de prata foram cinco mil e quatrocentos; todos estes levou Sesbazar, quando os do cativeiro subiram de Babilônia para Jerusalém.
ESDRAS 5:13-15
(13) Porém, no primeiro ano de Ciro, rei de Babilônia, o rei Ciro deu ordem para que esta casa de Deus se reedificasse.
(14) E até os utensílios de ouro e prata, da casa de Deus, que Nabucodonosor tomou do templo que estava em Jerusalém e os levou para o templo de Babilônia, o rei Ciro os tirou do templo de Babilônia, e foram dados a um homem cujo nome era Sesbazar, a quem nomeou governador.
(15) E disse-lhe: Toma estes utensílios, vai e leva-os ao templo que está em Jerusalém, e faze reedificar a casa de Deus, no seu lugar.
Qual era a relevância de restaurar os mesmos utensílios que eram utilizados antes? Por que isso é tratado como importante? Resposta: Porque aqueles utensílios tinham sido confeccionados por obra do Espírito Santo e as coisas inspiradas pelo Espírito de Deus não podem ser substituídas por obras do homem.
INSPIRAÇÃO E EFICÁCIA ESPIRITUAL
Por que o santuário e tudo relacionado ao santuário (desde os utensílios até as vestes sacerdotais) tinha que ser confeccionado por inspiração do Espírito de Deus? Porque eram meios de graça para produzir edificação espiritual no adorador. As operações do Espírito Santo são necessárias para produzir edificação porque o homem nasce em pecado, totalmente depravado em todos os aspectos do seu ser. Por causa da pecaminosidade humana, ele não é capaz de produzir nada que seja espiritualmente bom, exceto aquilo que o próprio Espírito gera nele. Por isso, Paulo chama os nossos pecados de “obra da carne” (Gálatas 5:19), mas chama as nossas virtudes de “fruto do Espírito” (Gálatas 5:22). O ministério dos sacerdotes levitas, o santuário e os ritos e as cerimônias que aconteciam no santuário eram os instrumentos utilizados por Deus para edificar espiritualmente o pecador no tempo do Velho Testamento. Em outras palavras, o pecador era espiritualmente edificado: ouvindo o sacerdote pregar e ensinar a Escritura (Malaquias 2:7), participando dos ritos e cerimônias que os sacerdotes administravam (Deuteronômio 18:1-5), olhando para as vestes dos sacerdotes e meditando no simbolismo contido nas vestes (Êxodo 24:4-43) e olhando para o santuário e o meditando no simbolismo do santuário (Êxodo 25:10-21; cf. Hebreus 9:8-9).
O sistema de culto do Velho Testamento dependia totalmente do Espírito Santo para existir.